A epilepsia é uma doença que acomete de 1 a 1,5% da população e acredita-se que existam mais de 50 milhões de pessoas afetadas no mundo. Existe um distúrbio da atividade elétrica cerebral, gerando descargas que causam as crises epilépticas. Os pacientes podem apresentar uma grande variedade de sinais clínicos e, uma mesma pessoa pode desenvolver tipos diferentes de crises epilépticas. A forma mais comum é a crise do lobo temporal, com quadro de crises parciais simples e complexas. Durante a crise, o indivíduo pode ter comportamento, sintomas e sensações anormais, incluindo, algumas vezes, perda de consciência. Há poucos sintomas entre as crises convulsivas. As crises epilépticas podem se apresentar de diversas formas, inclusive como convulsões. Em certos casos, os pacientes não perdem a consciência, mas tem movimentos localizados nos membros ou na face. Em outros, pode haver perda da consciência, mas sem chegar a cair. O quadro clínico é variável, dependendo da localização da área epileptogênica no cérebro e da intensidade da atividade elétrica anormal.
Diagnóstico
É importante que seja estabelecido o diagnóstico correto de epilepsia, afastando outras doenças que podem parecer crises epilépticas. Síncope, enxaqueca, acidente vascular cerebral transitório, crises de pânico e crises de perda de fôlego, estas em crianças entre 6 meses e 4 anos, são distúrbios episódicos que podem ser confundidos com epilepsia.
O eletroencefalograma (EEG) é um exame fundamental no diagnóstico. Os exames seriados e com sensibilização, como privação de sono, exame em sono, hiperpnéia e fotoestimulação intermitente podem aumentar a positividade do EEG. Entretanto sabe-se que aproximadamente 30% dos pacientes que iniciam crises epilépticas tem resultados normais, o que não afasta o diagnóstico nem o devido tratamento. O vídeo-EEG é um exame de EEG mais prolongado por até dias, que pode registrar a ocorrência de crises epilépticas e auxiliar muito na determinação do diagnóstico e indicação do melhor tratamento. Os exames de imagem, como a Ressonância Magnética de Encéfalo, podem mostrar alterações focais ou difusas que levem a um diagnóstico mais preciso e, inclusive, à indicação de cirurgia.
Tratamento
A maioria dos pacientes com epilepsia pode ser tratada, com sucesso, usando um ou mais medicamentos e, eventualmente, com uma dieta chamada cetogênica. Esses pacientes tem uma boa qualidade de vida. É fundamental que o médico explique os detalhes do tratamento, como sua duração, as limitações, a necessidade de aderência para tomar os medicamentos de forma correta e sem falhas, assim como fazer o paciente entender porque vai iniciar a medicação. Diversos fatores podem dificultar o controle das crises. O estilo de vida de jovens e adolescentes pode prejudicar o tratamento. Fatores como a privação de sono, períodos longos de jejum, a ingestão de bebidas alcoólicas, o estresse, a estimulação luminosa intermitente são exemplos de causas do desencadeamento de crises. Os medicamentos devem ser indicados corretamente para cada tipo de epilepsia e nas doses adequadas, tentando-se minimizar os efeitos colaterais.
A Epilepsia é controlada por medicamentos em aproximadamente 70 a 80 % dos casos. Entretanto 20 a 30% dos pacientes persistem com crises apesar do uso de diversos anticonvulsivantes, mesmo em altas doses. Esses pacientes persistem com crises, tem efeitos colaterais dos medicamentos e isso leva a uma piora acentuada da qualidade de vida. Essas pessoas podem ser investigadas de forma detalhada, com o objetivo de se descobrir a origem, ou o foco epileptogênico. Algumas patologias, como os tumores e a esclerose mesial temporal, podem ter um tratamento específico com uma microressecção neurocirúrgica com excelentes resultados. A estimulação do nervo vago é uma opção moderna e menos invasiva, por ser uma cirurgia extra-craniana.